A Necrópole do Vaticano é um conjunto de túmulos e mausoléus atualmente subterrâneos, localizado sob a majestosa Basílica de São Pedro, e é o local onde encontra-se o túmulo de São Pedro.

Além do caráter religioso da visita, por todo o significado do local para o catolicismo, é um programa extremamente interessante do ponto de vista histórico e agrada tanto a quem é católico quanto a quem não é.

Um pouco da história da Necrópole do Vaticano

Originalmente um cemitério a céu aberto, com túmulos e mausoléus, foi neste local que o apóstolo Pedro foi enterrado no século I d.C., após ser crucificado (de cabeça para baixo) próximo da necrópole.

No século IV d.C., o túmulo de Pedro já havia se tornado um local de cultuação, um santuário, e o imperador romano Constantino ordenou a construção de uma basílica sobre esse local. Para isso, o antigo cemitério foi coberto de terra.

A atual Basílica de São Pedro veio a ser construída entre os anos 1506 e 1626, substituindo a antiga basílica do imperador Constantino e soterrando ainda mais a necrópole.

Somente na metade do século XX d.C. escavações da antiga necrópole foram realizadas em busca da tumba de São Pedro. Muitos dos mausoléus e túmulos soterrados foram revelados, incluindo o de São Pedro. Ossos humanos encontrados no local foram analisados e batem com a idade e época em que viveu o apóstolo, motivo pelo qual acredita-se serem os ossos do santo.

Necrópole do Vaticano.
Estátua de São Pedro, na Praça de São Pedro, Vaticano.

Informações para a visita à Necrópole do Vaticano

As visitas são guiadas em grupos de apenas doze pessoas, respeitando um limite total de 250 pessoas por dia. Os grupos são organizados conforme o idioma da visita.

A reserva deve ser feita com antecedência, preenchendo o formulário do site oficial do Ufficio Scavi, pessoalmente na sede (entrada ao final das colunas da Praça de São Pedro, no lado esquerdo de quem está olhando para a Basílica) ou enviando um e-mail para scavi@fsp.va. Devem ser indicados o número de pessoas interessadas, seu(s) nome(s), o idioma que gostaria de realizar a visita (em ordem de preferência se mais de um; há visitas em português), e os dias possíveis (quanto mais possibilidades, melhor).

O dia, horário e idioma da visita guiada serão determinados pelo Vaticano e o solicitante receberá um e-mail informando esses dados. Caso o visitante esteja de acordo, fará o pagamento pelo link enviado no próprio e-mail para garantir seu lugar. O ingresso custa 13 euros por pessoa.

No dia da visita, é necessário apresentar o comprovante de agendamento da visita para entrar no portão de acesso, na Via Paolo VI. Ali o visitante passa por um detector de metais e por uma revista nos seus pertences.

As regras são as mesmas de visitação ao interior da Basílica: ombros e joelhos não devem estar à mostra. Nada de decotes, shorts ou saias curtas! Homens devem usar calças e mulheres, calças ou vestido/saia abaixo do joelho.

Também não é permitido entrar com objetos grandes como mochilas. Nesse caso, eles devem ser deixados no guarda-volumes (gratuito). O guarda-volumes é o mesmo utilizado por quem está visitando a Basílica e fica após o controle de segurança dos visitantes, ou seja, querendo deixar pertences lá é necessário entrar na fila (geralmente enorme). A dica é levar pouca coisa, no máximo uma bolsa pequena a tiracolo.

Dentro da Necrópole do Vaticano não é permitido fotografar ou filmar, portanto é melhor nem levar equipamento fotográfico volumoso. Caso ele seja pequeno, deixa ele guardadinho na bolsa, assim como teu smartphone.

O interior da necrópole é abafado, úmido e com chão de terra irregular. Não chega a cheirar mal, mas tem aquele odor de ambiente encerrado, um ar saturado de catacumba. Não é recomendado para pessoas com claustrofobia, bem como para pessoas com restrições físicas que possam encontrar limitações no chão desnivelado, corredores estreitos e degraus. Ah, e somente pessoas acima de quinze anos de idade são admitidas.

O tour todo dura cerca de uma hora e meia e termina no interior da Basílica de São Pedro. Sim, oportunidade perfeita para conhecer (ou revisitar) o magnífico interior da construção máxima da Igreja Católica.

Como foi nossa visita à Necrópole do Vaticano

Escrevi com uns quatro meses de antecedência para o e-mail , com os dados necessários. Pedi que se possível a visita fosse nos primeiros horários da manhã, para ficar com o resto do dia livre, mas com eles não tem muita escolha e agendaram nosso horário para 14 horas. Eles responderam logo, dando o dia e horário da visita, em um grupo com guia em português e com o link para fazer o pagamento. Depois de pago, recebi outro e-mail com a confirmação e as orientações para a visita.

Uns dez minutos antes do horário agendado, passamos pelo raio-x do controle de acesso para visitantes, bem no final das colunas da Praça São Pedro, no lado esquerdo. Trocamos a confirmação impressa pelos bilhetes de ingresso e em seguida nossa guia veio nos buscar para dar início ao tour.

Necrópole do Vaticano.
O tour inicia aqui, no Ufficio Scavi.

A partir deste ponto não são mais permitidas fotos.

Iniciamos em uma sala com algumas maquetes, onde ela explicou que aquele local era uma necrópole a céu aberto, com diversos mausoléus. Uma das maquetes representa o local onde, junto a um muro vermelho, teria sido enterrado o apóstolo Pedro.

Após a sala das maquetes, passamos por uma porta de vidro e entramos na área da necrópole de verdade. O ar é pesado, úmido, abafado, o cheiro não é dos mais agradáveis, e ali mesmo uma mulher se sentiu mal e pediu para voltar. A guia a acompanhou até a porta e logo retornou.

Não existe melhor maneira de resumir a Necrópole do Vaticano do que dizendo que é incrível. O chão é de terra, as paredes de tijolos, o teto é baixo. Há sarcófagos de mármore, mausoléus decorados com mosaicos e placas com inscrições indicando quem está enterrado ali. A guia vai contando como eram os costumes da época, o significado de símbolos que aparecem nas inscrições e muito da história do catolicismo.

Não somos religiosos e eu tinha um certo receio que a visita tivesse um caráter meio… sei lá, doutrinador, talvez. Mas não, é repleta de fatos históricos e a religião é contada do ponto de vista de como se desenvolveu, o que acho interessantíssimo. Em resumo, a visita encanta pessoas que tenham interesse tanto na religião quanto na história.

Após um tempo de visita, chegamos no local onde foram encontrados os restos mortais atribuídos a São Pedro. Digo atribuídos porque diversas evidências apontam que os ossos provavelmente sejam dele, mas não é possível afirmar definitivamente que é. Como a própria guia frisou, essa pequena margem de erro entre a probabilidade e a certeza de que São Pedro foi enterrado ali nada mais é do que… a fé! Achei tão bonito isso!

No local onde os ossos foram encontrados hoje há uma caixa transparente com parte deles. Ela deu um minuto para que os devotos fizessem uma oração, deu para ver que algumas pessoas estavam emocionadas. Cristão ou não, é no mínimo de arrepiar estar em um lugar tão significativo.

A visita seguiu para um pedaço já pertencente à Basílica de São Pedro (atual), a Capela Clementina. Linda, deslumbrante! Decoração riquíssima. Uma pequena capela bem exclusiva. A guia disse que é um local que o Papa Francisco costuma ir quando quer orar.

Aliás, nas palavras dela, “o Papa Francisco quebra muitos protocolos” 😀 . Ela conta que às vezes, do nada, ele resolve que vai descer para orar, durante o horário de visitação da basílica e da necrópole. Aí os seguranças saem que nem loucos, fazendo o possível para preservá-lo. Ela contou que uma vez, enquanto estava com um grupo de brasileiros no corredor bem próximo à Capela Clementina, o Papa passou por eles acompanhado de um discreto grupo de seguranças. Ela não falou nada para não criar um rebuliço, mas em seguida uma das pessoas perguntou baixinho, incrédula: “Era o Papa?”. Ela fez que sim com a cabeça, e a pessoa caiu em lágrimas, muito emocionada.

O tour é finalizado nas chamadas Grutas, local onde estão os túmulos de diversos papas. Esse local já é acessível para quem faz a visita regular à basílica. E aí acabou esse passeio sensacional.

Como mencionei, não é permitido tirar fotos ou filmar lá dentro, e por isso não pude ilustrar como foi nossa experiência, mas há uma visita virtual bem legal da necrópole neste link aqui, para dar uma boa ideia de como é.


Este post faz parte de uma blogagem coletiva sobre o tema Turismo Religioso. Confere o que os outros participantes escreveram:


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