A grande maioria das pessoas já sabe disso, mas não custa repetir: Mendoza é a capital do vinho argentino e a maior cidade de uma das principais regiões viníferas do mundo. Mais de mil vinícolas estão espalhadas pela região, desde as pequenas, com produção artesanal, até as de escala industrial, responsáveis por milhões de litros da bebida por ano.

Isso quer dizer, obviamente, que o principal atrativo turístico da região é ele: o vinho. Visitar vinícolas, conhecer o processo de fabricação, aprender um pouco sobre os diferentes tipos e suas características, e acima de tudo, degustar – e desfrutar!

Mendoza: informações turísticas.
Placa de um restaurante no centro de Mendoza: diz muito sobre a “alma” da cidade!

Mas eu diria, ainda, que os fatores que fazem com que os vinhos mendocinos sejam tão bons são também atrações turísticas. A Cordilheira dos Andes, que forma uma barreira natural para a região, é um cenário maravilhoso e incrível de se conhecer. O uso da água do degelo da cordilheira, fundamental para as plantações, dá à cidade uma característica muito peculiar, com canaletas de irrigação por suas ruas. A enorme quantidade de árvores pela cidade tem o efeito prático de amenizar a temperatura, em função do clima árido, dos 300 dias de sol por ano e do calor que faz durante o verão, mas além disso, deixa as ruas lindas. Em resumo, o vinho é o principal, mas não o único motivo para conhecer Mendoza.

Mendoza: informações turísticas
Uma das muitas ruas super arborizadas de Mendoza.
Chegando em Mendoza

Voos diretos do Brasil, somente a partir de Guarulhos. Dependendo da cidade de partida, em vez de São Paulo o voo pode fazer a escala em Buenos Aires ou em Santiago do Chile.

Por terra, partindo de Buenos Aires, a viagem de ônibus leva cerca de 14 horas. Já desde Santiago, que apesar de ser em outro país está muito mais próxima de Mendoza do que a própria capital argentina (364 km versus 1100 km), a viagem de ônibus leva cerca de 7 horas (em condições normais de estrada, sem neve etc) e rende uma travessia cheia de paisagens maravilhosas cruzando a Cordilheira dos Andes.

No trecho aéreo entre Santiago e Mendoza, a vista sobre a Cordilheira dos Andes, mesmo que por uns 15-20 minutos (pois o voo é curto, cerca de 55 minutos), é uma coisa linda, linda, linda…

Sobrevoando a Cordilheira dos Andes.
Deslocamento aeroporto-centro

O aeroporto de Mendoza fica próximo ao centro da cidade, e a melhor opção para deslocar-se entre eles é pegar um táxi. A corrida é no taxímetro (não é necessário combinar valores com o motorista antes de embarcar), e fica em torno de 150 pesos argentinos.

Câmbio

O aeroporto de Mendoza conta com uma casa de câmbio, mas pode ser que a tua chegada aconteça em um horário em que ela esteja fechada. Foi o que aconteceu conosco, que chegamos em um domingo. A solução foi sacar um valor para os primeiros gastos em uma ATM, pois desembarcamos sem um centavo de pesos argentinos.

Nos demais dias, fizemos câmbio no centro. A região da Calle Catamarca com Avenida San Martín tem diversas casas de câmbio – e nos arredores, pelas calçadas, diversos cambistas. Sugiro comparar a cotação de ambos e, se decidires fazer a troca com os cambistas, muito cuidado com eventuais notas falsas.

Alguns lugares, como hospedagens e vinícolas, aceitam dólares e até mesmo reais como pagamento (como sempre, é preciso fazer as contas e verificar se a taxa de conversão usada por eles compensa).

Hospedagem

A região de melhor custo-benefício para se hospedar em Mendoza é nos arredores da Plaza Independencia e/ou da (rua) Peatonal Sarmiento, região bem central da cidade. Muitos restaurantes, movimento de gente nas ruas, sorveterias, supermercado, comércio em geral, operadoras de passeios turísticos e casas de câmbio. Além de possibilitar alguns passeios a pé, como a própria Plaza Independência e o Parque General San Martín.

Brasão da cidade na Plaza Independencia.
Passeios e atrações

Como já comentei, o turismo gira muito em torno do vinho, então grande parte dos passeios envolve visitas a vinícolas. Existem opções para diferentes bolsos, sendo mais ou menos personalizados conforme o valor que o visitante esteja disposto a pagar.

As vinícolas se concentram basicamente em três regiões: Maipú, Luján de Cuyo e Valle de Uco (na ordem, da mais próxima à mais distante de Mendoza). Os passeios – tanto os compartilhados quanto os privativos – aumentam de preço conforme a distância da região escolhida.

Nós fizemos visitas a vinícolas de três maneiras distintas, uma em cada dia:

  • preço intermediário: tour com uma operadora, que leva, geralmente, a duas vinícolas e uma olivícola (produtora de azeites de oliva). Demos uma boa pesquisada em avaliações de blogs e TripAdvisor, escrevemos para algumas com antecedência (nenhuma nos antecipou quais as vinícolas seriam visitadas, eles vão se organizando mais perto da data do passeio conforme a demanda) e deixamos para resolver lá em Mendoza mesmo. Acabamos contratando a Mendoza Viajes, fomos na sede da empresa pela manhã e reservamos o passeio para a mesma tarde. Não acho necessário reservar com antecedência, pois é um passeio bastante comum e há muitas empresas que operam. Pagamos ARS 370 por pessoa. Lê aqui o post sobre esse passeio.
  • tour “esquema-patrão”: a melhor (e mais cara) forma de fazer passeios, com um motorista particular levando o cliente para onde ele quer e providenciando as reservas dos locais que a pessoa quer conhecer. Pegamos algumas indicações de remis e os contatamos com antecedência para ver preços e opções de passeios. Acabamos fechando com o Federico (whatsapp +5492613263187), aproximadamente seis horas de carro disponível para a região de Luján de Cuyo por USD 130 (pagamento em dólares mesmo, ao final do passeio). Lê aqui o post sobre esse passeio.
  • tour “mão-de-vaca”: para equilibrar as finanças depois da tour esquema-patrão 😀 . Usar transporte público para conhecer vinícolas é uma tarefa bastante complicada, pois na sua maioria elas estão distantes das áreas de abrangência dos ônibus, mas o blog Lole Pocket dá todo o caminho das pedras para explorar de ônibus+bike a região de Maipú. Fizemos um passeio bem baseado nesse roteiro, mas visitando locais diferentes. Lê aqui o post sobre esse passeio.

Além das visitas a vinícolas, existem ainda alguns passeios que exploram as belezas naturais da região. O mais conhecido é o tour chamado Alta Montaña, que fizemos também com a Mendoza Viajes (reservamos com um dia de antecedência, custou ARS 750 por pessoa); mas há distintas opções como banhos em águas termais, estação de esqui, passeios a cavalo, entre outros. Lê aqui o post sobre esse passeio.

Há pessoas que exploram a região por conta, de carro (próprio ou alugado), mas nós queríamos aproveitar as degustações nas vinícolas sem preocupações. Creio que alugar carro seja uma opção válida para aqueles que estejam viajando com alguém que se disponha a ser o “motorista da rodada”.

Dentro da cidade, aproveitamos o pouco tempo livre para conhecer o Parque General San Martín. O local é imenso (comporta lago, fonte, museu, zoológico e até um estádio, entre outras coisas!) e não exploramos nem metade dele, mas já valeu o passeio.

Portão do Parque General San Martin.
Fonte dentro do Parque.
Onde comer em Mendoza

Comemos fora poucas vezes, e somente dois lugares merecem menção:

  • La Lucia: escolhemos este restaurante para a janta no dia de despedida de Mendoza, e o objetivo era desfrutar das maravilhosas carnes argentinas. Comemos um asado de tira e um lomo de chorizo, que estavam excelentes, em especial o primeiro. Pedimos alguns acompanhamentos, como saladas e batatas, que estavam ok, mas a carne é que era realmente memorável. Acompanhamos com um maravilhoso Malbec argentino (carne argentina + malbec argentino = combinação divina). O ambiente é bem agradável, com mesas na rua, o atendimento é simpático e os preços são condizentes com a qualidade do lugar: nossa janta ficou em ARS 1160.
Mendoza: informações turísticas
Aquele asado de tira como só os hermanos sabem fazer.
  • Sorveteria Famiglia Perin: os sorvetes fazem jus ao nome de família italiana. Deliciosos! Um copo pequeno, bem servido, custava ARS 60. Recomendo o sabor super dulce de leche, que tem doce de leite puro misturado com o sorvete.
Outras considerações
Clima

No inverno, as temperaturas médias ficam entre 1º (mínima) e 18º (máxima). Os vinhedos ficam “pelados” (sem uvas nem folhas). Chega a nevar nas regiões próximas com maior altitude, o que pode interditar estradas e atrapalhar o passeio de Alta Montaña ou a travessia dos Andes em direção a Santiago do Chile.

Outono e primavera tem temperaturas amenas, com média mínima de 6º (mais perto do inverno) e média máxima de 29º (mais perto do verão).

O verão é quente, com médias de 17º (mínima) a 33º (máxima). É a época em que os vinhedos estão mais bonitos, com uvas prontinhas para serem colhidas.

Quando estivemos lá (janeiro/2018), as temperaturas durante o dia ficavam ao redor dos 35ºC! Porém, na cidade, a temperatura fica bastante agradável em função da quantidade de árvores nas ruas. Saindo da cidade, o sol pega e o calor judia: roupas leves e protetor solar sempre!

No tour de Alta Montaña, como já diz o próprio nome, subimos a altitudes bem consideráveis e em alguns locais com muito vento, portanto é imprescindível levar agasalhos. No dia do nosso passeio pegamos sensação térmica próxima a zero no Cristo de Los Andes, ponto mais alto do itinerário.

Siesta

Eles levam muito a sério esta história de siesta. Boa parte do comércio fecha, aproximadamente entre 13 e 16 horas. Inclusive, no dia em que fizemos o passeio de bike em Maipú, encontramos restaurantes e até vinícolas fechadas nesse horário!

Em compensação, as pessoas “funcionam” até tarde. Um dia estávamos na Plaza Independencia, onde havia dezenas de famílias aproveitando o parquinho com os seus filhos. Parecia meio da tarde, as crianças correndo a milhão por tudo, vendedor de pipoca, apresentação de teatrinho em um canto, mas… eram dez horas da noite! Achamos sensacional!

Mendocinos

Gostamos muito dos mendocinos! Todas as pessoas com quem tivemos contato foram prestativas, educadas e várias delas foram muito simpáticas e comunicativas. 

Como há muito turismo de brasileiros por lá, não é difícil encontrar alguém que arranhe no português, e nas vinícolas é comum acontecer visitas guiadas no nosso idioma.

Travessia da Cordilheira dos Andes em ônibus

Fomos embora de Mendoza em um ônibus até Santiago do Chile, atravessando a Cordilheira dos Andes. Foi algo espetacular! Contei como foi neste post aqui.


Espero que estas informações contribuam no planejamento da tua viagem a Mendoza!


Nossa viagem por Mendoza ocorreu entre 15 e 20 de janeiro de 2018.


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