O Salar de Uyuni é nada mais nada menos que o maior deserto de sal do mundo, com área de 12.000 km² – tão grande que pode ser visto do espaço!

Sua superfície é perfeitamente plana: uma imensidão branca a perder de vista. Abaixo da superfície, seu formato assemelha-se a um cone, onde a camada de sal chega a 120 metros em sua profundidade máxima.

Encontra-se no altiplano boliviano, a 3656 metros acima do nível do mar.

Época da visita ao Salar de Uyuni

Existem dois possíveis cenários no Salar de Uyuni, ambos com prós e contras: seco ou alagado. A época de chuvas é durante o verão. Neste período, a chuva acumulada sobre o salar forma um espelho de água que reflete o céu, formando um cenário surreal. Porém, as chuvas podem limitar o acesso a determinadas áreas do salar, prejudicando o passeio.

No restante do ano, o clima seco permite que se formem figuras geométricas na crosta, formadas pela evaporação da água e pelas reações químicas da camada de sal. O contra fica por conta do frio. Em pleno janeiro chegamos a pegar sensação térmica próxima a zero, imaginem no inverno. 😮

Como sempre, informações sobre médias de temperatura e de precipitação nos dão somente uma ideia do que esperar, e não uma certeza. Para nossa sorte, as chuvas que caíram uns dias antes do nosso passeio deram uma trégua e nos proporcionaram conhecer as duas faces do salar: a seca e a alagada. \o/

Chegando no Salar de Uyuni

Veículo 4×4 é imprescindível. Ir por conta é bastante arriscado, pois não há sinal de celular em muitas partes do trajeto e uma eventual necessidade de auxílio pode se tornar um pesadelo. Li e ouvi histórias horríveis de pessoas que ficaram horas com carro atolado, pneu furado e coisas do tipo, algumas delas envolvendo até a morte dos turistas. 😯

Muitas agências fazem esse tour em carros apropriados e com motoristas/guias que conhecem a região. Os passeios duram de 3 a 4 dias, conforme a cidade de início e de fim. Nosso tour teve a duração de 4 dias e 3 noites, saímos de San Pedro do Atacama (Chile) e retornamos para o mesmo lugar. Uma pessoa que compartilhou o passeio com a gente ficou na cidade de Uyuni – boa opção para quem vai seguir viagem pela Bolívia. Dá para fazer no sentido inverso, partindo de Uyuni, podendo retornar para essa ou seguir até San Pedro do Atacama. Para quem está hospedado em Uyuni, há também a opção de passeio de um dia ao Salar, sem pernoite.

Cronograma do Tour 4D/3N pelo Salar de Uyuni

Passamos somente um dia no Salar propriamente dito. No resto do tempo, conhecemos diversos outros lugares maravilhosos do altiplano boliviano. Os percursos mudam um pouquinho de agência para agência, mas visitam basicamente os mesmos pontos. Em resumo, o nosso foi assim:

1º dia: após os procedimentos migratórios do Chile e da Bolívia, conhecemos Laguna Blanca, Laguna Verde, Deserto de Dalí, Termas de Polques, Géiseres Sol de la Mañana e Laguna Colorada. Pernoitamos em Villamar.

Salar de Uyuni: como é o tour.
Laguna Blanca.
Salar de Uyuni: como é o tour.
Laguna Verde.
Laguna Colorada.

2º dia: passamos por diversos lugares distintos do Valle de Rocas, depois por Catal e Laguna Negra, Cañon Anaconda e povoado de Julaca. Pernoitamos em um hotel de sal em Villa Candelaria, na borda do Salar.

Valle de Rocas.
Salar de Uyuni: como é o tour.
Catal.
Salar de Uyuni: como é o tour.
Laguna Negra.

3º dia: madrugamos para ver o sol nascer no Salar de Uyuni. Exploramos a Isla Incahuasi, as partes seca e alagada do salar, até chegar ao Hotel de Sal e Monumento das Bandeiras. Passamos pelo povoado de Colchani, pelo cemitério de trens e chegamos na cidade de Uyuni. Lá, trocamos de guia e de veículo e iniciamos o retorno rumo a San Pedro. Pernoitamos no mesmo local da primeira noite.

Salar de Uyuni: como é o tour.
Amanhecer no Salar de Uyuni.
Padrões geométricos da parte seca e, ao fundo, a Isla Incahuasi.
Salar de Uyuni: como é o tour.
Parte alagada do Salar.

4º dia: manhã inteira de estrada e procedimentos migratórios, chegamos a San Pedro cerca de meio-dia.

O que acho mais interessante em fazer o tour a partir de San Pedro é que o Salar fica para o último dia (desconsiderando o quarto dia, que é perdido). Ele é a grande atração dessa jornada e acho que não teria o mesmo gostinho se tivesse sido o primeiro lugar visitado.

Ah, também nesse sentido a adaptação à altitude é mais gradual do que ao iniciar pela Bolívia.

O que está incluso no Tour pelo Salar de Uyuni

Ao contratar o tour, já estão inclusas as hospedagens e as refeições. É claro que existem agências que oferecem um serviço mais exclusivo, com carro privativo, acomodações mais confortáveis e refeições mais elaboradas, mas na média as empresas vendem o pacote para compartilhar o carro (seis lugares mais o motorista/guia), acomodações coletivas com a possibilidade de não haver banho quente e refeições simples.

Na real, contratando uma destas agências medianas, tudo será uma incógnita. Eles não sabem precisar qual será a acomodação, pois se um lugar estiver cheio, eles te colocam em outro. Os companheiros de viagem podem ser tanto muito legais como umas malas completas. O guia pode ser um cara super simpático e comunicativo, assim como pode ser ranzinza e de poucas palavras. O carro da vez pode ser mais novo, ou pode ser mais velho (e com maior risco de ter algum problema). Eles podem até mesmo te colocar no carro de outra agência, se não conseguirem completar um veículo.

Cientes de tudo isso, fomos com o coração e a mente abertos para o que viesse. E, sabe o que aconteceu? Foi tudo PERFEITO! Nosso guia, Gilmar, era ma-ra-vi-lho-so, nossas companheiras de viagem eram ótimas, nosso carro era novinho e as refeições eram simples mas muito mais saborosas do que imaginávamos.

De fato, não havia banho quente nem eletricidade para recarregar equipamentos eletrônicos na primeira noite. Sacolejamos por quatro dias em estradas de terra, muitas horas por dia dentro do carro, e desse tempo todo andamos somente uns dez ou quinze minutos em asfalto. As hospedagens eram simples, extremamente simples – a da 1ª e 3ª noites tinha chão batido nos quartos e banheiros, os colchões, lençóis e cobertas eram bem desgastados. Passamos a maior parte dos dias imundos, cobertos pela poeira levantada pela aridez do lugar. Wi-fi? Nem pensar.

Estou ressaltando tudo isso pois entendo que não é uma viagem que qualquer pessoa se disponha a fazer, mas de maneira alguma são reclamações. Pelo contrário, foi um enorme privilégio ter passado por tudo o que passamos nestes quatro dias. Só ressalto a quem queira ir: vá ciente de todas essas possibilidades (e probabilidades), com o espírito preparado e com o foco no que realmente importa – a beleza única desse lugar.

Agência e preço do Tour pelo Salar de Uyuni

Não é porque o perrengue é quase certo 😀 que a gente não precisa tomar algumas precauções. Lemos muitas recomendações em blogs e avaliações no TripAdvisor até escolher uma agência que nos parecia mais confiável (dentro da faixa de preço que podíamos pagar).

Acabamos contratando a Cruz Andina, em San Pedro do Atacama mesmo. No dia em que chegamos lá passamos na sede da agência para pegar mais informações, fomos muito bem atendidos e tivemos a certeza em fechar o pacote com eles.

Pagamos 130.000 pesos chilenos por pessoa (pelo câmbio de janeiro/2018, aproximadamente 220 dólares). Fazendo no sentido inverso, contratando em Uyuni para terminar em San Pedro, sai um tanto mais barato.

O que levar para o Tour do Salar de Uyuni

Água – na sede da Cruz Andina nos disseram para levar uma garrafa de seis litros de água por pessoa. No fim, sempre nos davam água nas nossas refeições, e sobrou um monte. Trouxemos de volta um galão de seis litros fechado. Na dúvida, melhor levar mesmo, pois a gente passa muito tempo sem enxergar um lugar onde seja possível comprar. Levem também uma garrafa menor (um litro ou 1,5 litro) para levar dentro do carro ao longo do dia, e reabastecer à noite.

Lanches – café da manhã, almoço e jantar estão inclusos, mas é bom levar lanches. Tivemos receio de que as comidas fossem sem graça e levamos um monte de biscoitos, chocolates, frutas secas, etc. Nos enganamos sobre as refeições, que eram bem saborosas e bem servidas, mas de qualquer maneira sempre que estávamos dentro do carro, beliscávamos alguma coisa. Acho que terminamos o tour mais cheinhos do que começamos. 😀

Vestimentas – pode ser em maior ou menor intensidade, mas vai fazer frio. Levem muitas camadas de roupas quentinhas, para ir tirando conforme o dia esquenta e para ir recolocando conforme a noite vai caindo. Se for visitar o Salar na época das chuvas, como nós, leve chinelos e bermuda para usar na parte alagada.

Bagagens – as bagagens grandes vão em cima do carro, então deixem à mão em uma mochila tudo que será usado ao longo do dia. O motorista “embrulha” as bagagens na parte de cima usando uma lona (para protegê-las) e é uma função arrumar tudo pela manhã e retirar tudo à noite, então não rola de durante o dia pedir para pegar algo que está lá.

Higiene – papel higiênico, lenço umedecido e álcool gel sempre à mão. Os banheiros (mesmo os pagos) geralmente não tem papel higiênico, até mesmo em um dos locais que nós nos hospedamos isso aconteceu.

Acessórios – eu já disse que as acomodações são muito, muito simples? 😀 Então, não contem com empréstimo de toalhas, secador de cabelos, amenidades de banho e afins. Além disso, é bom levar produtos para evitar ressecamento, como hidratante labial, soro fisiológico, etc. E também protetor solar e óculos de sol (principalmente para a parte do salar). Powerbank ou outro acessório para recarregar smartphone e câmeras fotográficas também são importantes.

Dinheiro – os gastos ao longo do tour são pequenos. Basicamente, 150 bolivianos de taxa da reserva Eduardo Avaroa (onde estão as lagunas Blanca e Verde), 6 da Termas de Polques, 30 da Isla Incahuasi, 10 pelo banho em cada uma das hospedagens (sim, é pago à parte), 2 ou 3 para usar algum banheiro aqui e ali, e mais uma margem para comer ou beber algo nas raras paradas onde há comércio e para comprar artesanato no povoado de Colchani, no fim do passeio. Levamos 300 bolivianos cada (na época, 1 real valia 1,80 boliviano), cobriu tudo o que gastamos, demos gorjeta para o nosso motorista e deu para comprar várias coisinhas no artesanato (bem mais barato do que em San Pedro, se a intenção é comprar artesanatos, deixem para comprar em Colchani). Guardamos 15 bolivianos para pagar a antipática taxa de saída do país ao retornar para o Chile – dizem que conforme o caso o agente olha para tua cara e resolve se te cobra ou não, nós fomos cobrados. 😕

Folhas de coca – ou algum outro produto para amenizar os efeitos da altitude, pois passamos o tour todo em altitudes acima dos 3000 metros acima do nível do mar.


De modo geral, acho que essas são as considerações mais relevantes sobre o tour ao Salar de Uyuni.

Foi uma jornada maravilhosa, cheia de experiências arrebatadoras. Confere os posts onde relato como foi o nosso tour pelo Salar de Uyuni e dou mais dicas sobre esse passeio:


Nossa viagem pelo Salar de Uyuni aconteceu entre 25 e 28 de janeiro de 2018.


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