Erice é uma pequena cidade medieval no alto de uma montanha, a 750m acima do nível do mar. Situa-se no noroeste da Sicília, a 120 km da capital, Palermo. Apesar de ter uma população superior a 25 mil habitantes, apenas cerca de 550 vivem no borgo (aldeia ou vila). Esse “miolo” medieval é simplesmente uma fofura, com construções e ruas em pedra, e faz parte da rede de Aldeias mais Bonitas da Itália (I Borghi Più Belli D’Italia).

Considerando que ela é vizinha de Trapani, que está no nível do mar, já conseguimos imaginar o tamanho da subida para chegar até lá. Da praia que estávamos pela manhã, San Giuliano, em Trapani, dava para avistar Erice. Na verdade, ela está em uma montanha tão alta e “pontuda” que dá para vê-la de vários pontos dos arredores – e da mesma forma, lá de cima é possível avistar uma parte considerável da região.

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Chegando em Erice

Para quem está hospedado em Trapani, o trajeto de carro entre o centro histórico e a entrada da parte murada de Erice leva cerca de 20 minutos. A estrada é bem sinuosa e, lá em cima, há vagas de estacionamento junto à entrada da cidade.

O teleférico

Apesar de estarmos com carro alugado e hospedados em Trapani, optamos pela opção mais demorada, mas que proporciona belas vistas e vale por um passeio: o teleférico. É preciso observar que o teleférico pode estar fechado em função de mau tempo, ou parado para manutenção. No dia da nossa visita, por exemplo, só começou a operar no início da tarde. Dá para acompanhar pelo site Funivia Trapani-Erice, em tempo real, se está em funcionamento, além dos horários em que opera e valor atualizado das tarifas.

O site informa que o trajeto Trapani-Erice é feito em dez minutos, mas achei que a subida demorou mais que isso. Na hora de descermos, intrigada, cronometrei… e deu 25 minutos! Talvez eles precisem reduzir a velocidade nos dias de vento forte, sei lá. Porém, isso não é um problema, pelo contrário. Dá para curtir apreciando a paisagem. Uma pena que os vidros da cabine são bastante arranhados e sujos por fora, prejudicando fotos e vídeos.

A estação do teleférico na parte de baixo tem estacionamento (pago). Na parte alta, a estação fica justo em frente à Porta Trapani, entrada da cidade murada.

Erice.
Porta Trapani, entrada da cidade murada de Erice.

O que fazer em Erice

Na entrada da cidade, há um quiosque de informações turísticas, onde pegamos um mapa. Enquanto em Trapani passamos o dia derretendo de calor, em Erice soprava um vento muito gostoso.

Passamos pela porta da cidade e fomos rumo ao Castello di Venere, pois não faltava muito tempo para o seu horário de fechamento. Porém, o curto caminho até chegar ao castelo já nos proporciona um belíssimo visual. O dia, apesar de ensolarado, não estava perfeitamente limpo, havia uma espécie de neblina que reduzia um pouco a visibilidade dos pontos mais distantes. Ainda assim, era incrível!

Vista dos arredores de Erice e, ao fundo, o Castello di Venere.

O Castello di Venere (Castelo de Vênus) é da época dos normandos, erguido entre os séculos XII-XIII sobre as ruínas de um primitivo templo dedicado à deusa Vênus.

Erice.
Castello di Venere.
Detalhes da entrada do Castello di Venere.

A visita ao Castello di Venere só permite acesso à áreas abertas, cercadas pelo que sobrou dos muros e das paredes da construção normanda. Inclusive a moça que vendeu os tíquetes na entrada ressaltou isso, para não decepcionar alguém que estivesse na expectativa de conhecer ambientes internos do castelo. A visita foi legal, mas não diria que é imprescindível. Conhecer sua parte externa e seu entorno já é lindo demais.

A localização do Castello di Venere não podia ser mais estratégica: é possível ver dali Trapani e as ilhas Égadi a oeste, Marsala ao sul, o vale de Valderice a leste e as cidades da costa ao norte.

Vista a partir do Castello di Venere na direção norte.

Ao lado do castelo, encontra-se a Torretta Pepoli. Foi construída por encomenda do conde Agostino Pepoli, em 1870. Atualmente, abriga um museu interativo multimídia que conta as histórias e tradições de Erice.

Torretta Pepoli.
No primeiro plano, a Torreta Pepoli e, ao fundo, o Castello di Venere.

Um dos melhores programas para se fazer em Erice, assim como em muitas cidades desse tipo, é caminhar sem rumo pelas ruelas. Ficamos encantados pelas construções em pedra assim como o chão das ruas. Cada viela mais estreita e mais deserta que a gente via, a gente entrava. Há uma rua principal, a Via Vittorio Emanuele, com dúzias de lojas e restaurantes e bastante turistas, mas estava bom demais explorar as ruas sem movimento, ouvindo só o vento soprar.

Erice.
Erice.

Chegamos na Piazza San Domenico, onde ficam a igreja e o convento de mesmo nome, fundados em 1486.

Chiesa San Domenico.

Ali ao lado, encontramos uma doceria, a Antica Pasticceria del Convento. Enquanto eu olhava a fachada e pensava “acho que agora ia bem um doce e um café…”, o Rodrigo já estava lá dentro escolhendo o que comer 😀 . Ele pediu uma torta com chocolate, e eu comi um doce típico da região, a genovese. Há algumas opções de recheios, escolhi o de ricota (aquela mesma ricota maravilhosa que eles usam nos cannoli), e a massa desmancha na boca. Divino!

Ficamos mais um tempo curtindo a cidade, entrando em alguns artesanatos – que tem muita coisa linda! – e bisbilhotando alguns pátios que provavelmente eram privados. 😆

Erice.
Um pátio, provavelmente privado…
…mas que era lindinho demais e entramos para conferir.
Um morador de Erice, meio desconfiado.

Chegamos na catedral de Erice, o Duomo dell’Assunta, ou Chiesa Madre, cuja construção foi iniciada em 1314! Uma pena que chegamos tarde e tanto a igreja quanto a torre já estavam fechadas para visitação. É possível subir na torre. A vista lá de cima deve ser sensacional.

Erice.
Duomo dell’Assunta.

Vale mencionar outros pontos da cidade que não chegamos a visitar. Um deles é o Quartiere Spagnolo, onde há um forte construído no século XVII, período em que a Sicília estava sob dominação espanhola. Há também o museu do Polo Museale Antonio Cordici, que possui itens arqueológicos, esculturas e outras obras de arte.

Erice.
Saindo do borgo de Erice pela Porta Trapani.

Pegamos o teleférico para voltar a Trapani enquanto o sol estava se pondo. Aquela neblina que comentei que cobria a paisagem estava um pouco mais densa nessa hora, parecia que estávamos flutuando sobre as nuvens, e ao mesmo tempo dava para entrever a cidade de Trapani e o mar lá embaixo – parecia um sonho! Complementando, o sol coloria tudo de laranja. Fantástico!

Informações atualizadas sobre horários e preços das atrações de Erice podem ser consultadas no site Fondazione Erice Arte.

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