Trapani é uma cidade à beira mar na ponta noroeste da Sicília, distante 100 quilômetros da capital siciliana, Palermo. Rodeada por localidades dentre as mais famosas da Sicília (a ilha de Favignana fica a 30 minutos de barco e a cidade medieval de Erice, a 20 minutos de carro, só para dar dois exemplos), Trapani acaba passando meio despercebida.

Em um primeiro momento, Trapani parece ser uma cidade “nada demais” e que servirá “apenas” como uma ótima base para conhecer lugares próximos interessantes. Mas justamente essa menor visibilidade turística dá à cidade um ar de autenticidade muito agradável – e, ainda, preços mais convidativos de hospedagem e alimentação.

Passamos três dias cheios em Trapani (quatro pernoites) durante nossa viagem pelo Sul da Itália e adoramos nossa estadia. Por ser uma cidade menos turística, tinha um movimento bem menor de gente do que outras cidades mais famosas. Por um lado, não é uma cidade bonita ou bem arrumada, na verdade ela tem prédios antigos necessitando de restauração, certa sujeira nas ruas, paredes pichadas… Por outro lado, foi legal ver uma cidade mais “autêntica” com pessoas em suas rotinas normais que não são ligadas ao turismo.

Vou contar neste post mais sobre Trapani e sobre o que fazer nela e nos arredores.

Como chegar em Trapani

O maior aeroporto das proximidades é o de Palermo, a 80 quilômetros. A melhor opção a partir daí é alugar um carro, mas querendo utilizar o transporte público, a empresa Segesta Autolinee tem alguns horários que ligam o aeroporto ao centro de Trapani em uma viagem de 1h10min.

Mas Trapani também tem seu próprio aeroporto, distante 17 quilômetros do centro da cidade. O aeroporto Birgi recebe voos da lowcost Ryanair vindos de outras cidades italianas (como Roma e Milão) e europeias (como Madri e Praga). Ônibus de Birgi ao centro de Trapani leva 40 minutos e é operado pela empresa AST.

Outras informações sobre Trapani

Hospedagem: o melhor lugar para se hospedar é no centro histórico. Dá para passear a pé por construções bem bonitinhas e tem várias opções de lugares para comer. E ainda fica coladinho no terminal de barcos para as Ilhas Égadi.

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Estacionamentos: existem estacionamento privados e públicos junto do centro histórico. Durante o período em que ficamos em Trapani, deixamos o carro na Piazza Vittorio Emanuele. É um estacionamento público, porém – adivinha? Tem flanelinhas cobrando dinheiro, principalmente quando eles veem que é turista. No dia em que chegamos, descarregando bagagens etc, o cara nos achacou 5 euros. Nos dias seguintes, a gente dava uma moeda de um euro se ele estava por perto, ou saía bem rapidinho antes que ele viesse nos apertar. 😛

Quanto tempo ficar: vai depender, é claro, dos locais que queres visitar nos arredores. Pode-se contar um dia para cada bate-volta (falarei sobre os passeios mais abaixo). Para a cidade de Trapani em si, caminhar pela cidade antes ou depois dos bate-voltas já vai possibilitar ver bastante coisa.
Nós ficamos 3 dias cheios (descontando o dia de chegada e o de partida). Para dar uma ideia melhor:
-no dia em que chegamos, no final da tarde, fizemos um belo passeio a pé pelo centro histórico,
-no primeiro dia cheio, aproveitamos a praia de San Giuliano pela manhã, e à tarde fomos a Erice,
-o dia seguinte foi para o bate-volta a Favignana,
-no terceiro dia cheio, fomos a San Vito lo Capo, e
-no dia em que partimos de Trapani, paramos novamente em San Vito lo Capo e passamos o dia fazendo um passeio de barco pela Riserva Naturale Orientata dello Zingaro e Scopello, antes de seguirmos viagem para Palermo.

O que fazer em Trapani

Centro Histórico

O centro histórico é pequeno e fácil de explorar a pé. A principal rua é a Corso Vittorio Emanuele, onde fica, numa das suas pontas, o Palazzo Senatorio, com sua belíssima fachada. Na sua lateral, a Torre dell’Orologio, um relógio astronômico construído em 1596!

Trapani.
O Palazzo Senatorio e o relógio astronômico da Torre dell’Orologio.

Vale a caminhada pela Corso Vittorio Emanuele, onde há muitos prédios com bonitas fachadas. Há também muitos restaurantes. Em uma das nossas noites na cidade jantamos em um deles e comemos um prato regional típico: o cuscuz de peixe. Muito bom!

Passear pela Via Mura di Tramontana Ovest é uma das coisas mais gostosas a se fazer em Trapani. Durante o dia, tem-se uma bela vista da orla.

Trapani.

E o por-do-sol visto dali é um dos programas imperdíveis na cidade.

Trapani.

É na Via Mura di Tramontana Ovest que fica o Mercato del Pesce, um prédio histórico que funcionava, como o nome sugere, como um mercado de peixes. O local sedia o Stragusto, um evento de comidas de rua mediterrâneas. Ele acontece em meados de julho e tivemos a oportunidade de presenciar (e saborear) o festival durante nossa passagem pela cidade.

Stragusto, o Mercato del Pesce.

Seguindo na direção oeste do centro histórico, chega-se na Torre Ligny, construção de 1671. Ali, funciona o Museo Civico, um museu de achados arqueológicos ligados à história de Trapani.

Trapani.
Trapani.
Torre Ligny.
Praia de San Giuliano

A praia de San Giuliano fica a menos de três quilômetros do centro histórico da cidade. Fomos de carro e não tivemos dificuldade para estacionar na avenida à beira-mar, há muitas vagas públicas.

Trapani.
Praia de San Giuliano, em Trapani.

A praia é de areia e tem uma faixa espaçosa. A água é linda, calma e de temperatura agradável. E tem um moinho de vento no canto direito da praia, enfeitando. Nada mau, não?

Moinho de vento no canto da praia de San Giuliano.

Alugamos duas espreguiçadeiras e um guarda-sol no bar de praia Divino Rosso Beach por 13 euros, com direito a usar o chuveiro de água doce, grátis. Passamos uma manhã super agradável. Poucas pessoas, todas a vários metros umas das outras, sem ninguém incomodar ninguém.

Salinas de Trapani

Trapani encontra-se em uma região repleta de salinas. Tanto que a área foi denominada reserva natural: Riserva Naturale Orientata Saline di Trapani e Paceco. As lagunas costeiras, as montanhas de sal extraído e a fauna local são embelezadas pela presença de moinhos de vento. O cenário resultante é belíssimo, especialmente ao entardecer.

Foto “DAM1999 – Saline e mulini/Trapani” de DamPappa, sob licença CC PDM 1.0.

O centro de visitantes das salinas, chamado Mulino Maria Stella, fica na estrada que vai em direção à cidade de Marsala, a SP21. Há a possibilidade de fazer uma visita guiada ao interior da reserva, agendando antecipadamente.

O que fazer nos arredores de Trapani

Erice

Erice é uma pequena cidade medieval no alto de uma montanha, a 750m acima do nível do mar. Considerando que ela é vizinha de Trapani, que está no nível do mar, já conseguimos imaginar o tamanho da subida para chegar até lá.
Suas construções e suas ruas em pedra valem a visita. E de bônus, as maravilhosas vistas que se tem dos arredores.
Erice está a cerca de 20 minutos de carro do centro histórico de Trapani, mas é possível chegar lá também de teleférico: um deslocamento um pouco mais demorado, porém mais bonito.

Ruas e construções de pedra em Erice.

Para saber mais, lê o post: Erice, uma das cidades medievais mais bonitas da Itália

Favignana

O arquipélago das Ilhas Égadas (ou Égadi) é formado pelas ilhas de Favignana, Marettimo e Levanzo, sendo que Favignana é a principal delas. É um destino repleto de praias de beleza ímpar.
O deslocamento entre Trapani e Favignana é feito em um hidrofólio e leva 30 minutos.

Cala Azzurra, em Favignana.

Para saber mais, lê o post: Favignana: a ilha de praias pitorescas no oeste da Sicília.

San Vito lo Capo

San Vito lo Capo possui uma linda praia com larga faixa de areia, o que é uma exceção na Sicília: a maioria das praias de lá é de pedrinhas. O mar é tranquilo, transparente e de temperatura agradável.
De Trapani até San Vito lo Capo, de carro, são apenas 38 quilômetros, mas o trajeto leva cerca de uma hora pois pega o trânsito local de algumas cidadezinhas no caminho.

San Vito lo Capo.
Riserva Naturale Orientata Zingaro

A Riserva Naturale Orientata Zingaro é uma área protegida, possuindo sete pequenas praias ao longo da sua costa de 7 quilômetros. A única maneira de chegar às praias é por trilhas, já que carros não entram na reserva.
Os acessos à reserva podem ser pela entrada sul (cerca de 45 minutos de carro a partir de Trapani), próxima à cidade de Castellamare del Golfo, ou pela entrada norte, mais próxima de San Vito lo Capo. Para quem está com o tempo limitado ou não pode/não quer fazer trilhas, há passeios de barco saindo de San Vito lo Capo.

Durante o passeio de barco pela costa da Riserva Naturale Orientata Zingaro, avistamos este cidadão aí em sua praia particular.
Outras localidades

Pertinho da entrada sul da reserva do Zingaro, fica a exclusivíssima praia de Scopello, acessível somente mediante pagamento. Os passeios de barco que saem de San Vito lo Capo para a costa da Riserva Zingaro costumam incluir a praia de Scopello.

Em pouco mais de meia hora de deslocamento ao sul de Trapani, fica a cidade de Marsala, onde é produzido o conhecido vinho de mesmo nome. Assim como em Trapani, em Marsala as salinas também compõem belas paisagens.

Também em pouco mais de meia hora de viagem é possível chegar ao parque arqueológico de Segesta, que possui um templo grego em ótimo estado de conservação e um teatro, construídos, respectivamente, nos séculos V e II a.C.


Em resumo, curtimos muito nossa estadia em Trapani. Os bate-voltas que fizemos por lá foram sensacionais, mas, mais do que isso, a tranquilidade e a autenticidade de Trapani tonaram esse período ainda mais memorável. Se estás considerando Trapani como base para explorar o lado oeste da Sicília, te garanto que é uma ótima escolha!


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